8 de junho de 2015

A Crucificada da Parada LGBT de São Paulo

Viviany Beleboni é uma travesti meiga, linda, guerreira, que já passou por poucas e boas na vida - inclusive agredida a socos e chutes pelos próprios familiares.
Ela foi a Parada LGBT de São Paulo crucificada, fazendo memória a tantos LGBTs vítimas de uma violência descomunal. Muitos se calam ou apontam o dedo para acusar e justificar tal violência pelo fato da orientação sexual ou identidade de gênero ser diferente da tida "normal" pela maioria.
Lembro-me uma vez, quando a AIDS fazia vítimas mundo afora e era ainda tida como a "peste gay", perguntaram a Madre Teresa de Calcutá se aquilo era castigo divino, ela simplesmente respondeu: "Cristo sofre com aquele que sofre. Eles são o rosto do Cristo".
Só quem vive o Amor entende tamanha atitude.
Muitos fanáticos religiosos vem a público proferir xingamentos, praguejar, agredir tal atitude como se eles fosse os donos da verdade ou o próprio Deus.
Alguns evangélicos postaram em suas redes sociais agressões assustadoras sobre Viviany, falando que isso é uma agressão aos símbolos sagrados. Agora me digam uma coisa: muitos deles invadem os locais sagrados ondem acontecem os cultos afros e destroem tudo, destroem e fazem atrocidades com as imagens dos católicos e isso não é agressão?
Sou Católico Apostólico Romano praticante e em nenhum momento me senti ofendido com tal atitude.
Alguns líderes da minha igreja já matou tanto em nome de Deus - quem já ouviu falar da época da inquisição? do descobrimento do Brasil? Do massacre aos negros e índios por não aceitarem a fé cristã? - já disseminaram ódio, discórdias... E foram aplaudidos e bem vistos. Só centenas de anos depois a igreja veio a público pedir perdão e coisa e tal.
No Brasil, um LGBT é assassinado a cada dia - esse é um número irrisório pois muitos casos não vem a público.
Reproduzo aqui, um texto inteligente, coerente e super tocante, escrito pela linda e talentosa jornalista Bruna Sanchez:
"Pra começo de conversa, a crucificação era uma tortura/condenação romana e não uma exclusividade de jesus. Afinal, ele foi 'condenado por ser um herege' e não um santo. Grande parte das pessoas, em especial os LGBT são oprimidos (e se sentem culpados por isso) por muitas religiões, em especial o cristianismo (que deveria pregar o amor e não incentivar o ódio) e passam a vida inteira mendigando aprovação por parte dos outros. Por isso esse medo de 'se envolver com coisas sagradas' e se tornam reféns de uma fé cega, um deus seletivo e uma doutrina condenatória, com a grande maioria alienada e loucos por uma salvação, vendida e explorada diariamente na tv, templos, igrejas, etc. Vale lembrar que o que é sagrado para você, pode não ser para o outro, visto que temos N possibilidade de doutrinas/ideologias. Além das não religiões. Protesto lindo, visível e que requer aplausos pela coragem de enfrentar tanta hipocrisia que vivemos nesses últimos tempos."

E viva o Amor - Drag Queen Dindry Buck

Disseminando o Ódio
Um "líder religioso" publicou em sua rede sociais imagens da Marcha das Vadias, um protesto durante a JMJ no Rio de Janeiro como se fossem atos que aconteceram na Parada LGBT para disseminar mais o ódio contra os gays.

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